Picuinhas

Tem dias que acordo com a sensação de que algo está errado. Digo isto, por que começo a procurar instintivamente respostas que muitas vezes não acho para me acalmar ou então me deixar ainda mais inquieto. Nestes momentos de pura comoção e irritabilidade, encontro manchas no teto, buraquinhos no reboco das paredes e sujeira no tapete do quarto.

Quando vou para o banheiro iniciar minha higiene pessoal, o gosto do creme dental tem sabor diferente, o sabonete outro aroma. Depois começo a contar os azulejos e procurar novas imperfeições. Tenho um método particular para isto: conto-os de quatro em quatro e depois confirmo minha contagem, multiplicando os da vertical pelos da horizontal, buscando assim o retângulo perfeito.

Às vezes, perco-me nos cálculos e reinicio a contagem.

Que saco! Sei que alguma coisa está errada com os objetos a o meu redor, na minha casa, no meu bairro, no meu banheiro.

Meu deus! Acho que sou do tipo que alimenta neuroses viscerais através de picuinhas sem a menor importância. Tento respirar fundo, me situar para diminuir a angustia, já que não sei a quem responsabilizar por tantos erros.

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