ILHA DO MEL, MEU PRESENTE DE 50 ANOS.



Comemorei meus cinqüenta anos de vida, sem festas, sem churrasco, longe da família e de amigos que habitualmente participaram de meus aniversários anteriores. Festejei-o em uma viagem de cinco dias sem um rumo planejado. Foi uma experiência nova, diferente e compensadora. Creio que me dei este presente e que ficará guardado na minha lembrança por muito tempo.
O grupo era formado por três casais afim de aventura: Cris e Beto, Sônia e Luiz Carlos, Alba e eu.
A saída de Porto Alegre foi às 00h com uma pequena parada em Morro dos Conventos a procura de um hotel para descansar. Lá visitamos um hotel centenário que resolvemos abrir mão pelo preço salgado do pernoite. Seguimos viagem e só paramos a o amanhecer em Laguna para descansarmos (dar uma dormidinha que não fizemos à noite) e tomarmos, o café da manhã.
O hotel chamado Hotel da Lagoa de frente para a BR 101 e fundos para a bela Lagoa do Imaruí fazia cultivo de ostras e então resolvemos dar mais um tempo para experimentar o sabor dos bichinhos.


O almoço tinha uma variedade incrível de frutos do mar e o prato que provocou náusea e gargalhadas entre o grupo foi: Ostras cruas com Limão. Há algo de podre no que é chique! - pensei enquanto experimentava aquela variedade gastronômica.


Depois seguimos viagem e nossa próxima parada, além daquelas destinadas às mijadinhas de praxe, foi em Bombinhas, onde visitamos a orla durante a noite e dormimos na pousada Biluca que eu já conhecia de outras temporadas. Esta pousada é simples e só a utilizamos para descançar, abrindo mão do cafe da manhã.


Como até então, estávamos sem um rumo definido, esquecemos a hora de levantar. Nos despedimos de Bombinhas no nosso "despertar cedo", (10 horas da manhã) e seguimos viagem em direção a o Paraná.


Como não tínhamos presa, parávamos por qualquer motivo e principalmente quando a beleza de alguma coisa nos chamava a atenção. Esta trepadeira, na foto abaixo, num restaurante de beira de estrada, fez com que nós nos questionássemos sobre a misteriosa delicadeza da natureza. Repetindo as palavras da Sônia: A visão extraordinária desta planta com o beija-flor já valia a pena e tinha ganho a viagem.


E por falar em natureza, percebemos também o quanto a natureza morta pode ser triste e ao mesmo tempo bela, transformando-se em arte diante dos olhos de seu depredador. Encontramos também muitos troncos de arvores fossilizados pelo caminho.


Em Guaratuba, no Paraná, embarcamos numa balsa com destino para a cidade de Caiobá e Matinhos e nos instalamos num hotel do Candeias por três dias. A partir daí, começávamos a traçar o que seria o nosso próximo destino: A Ilha do Mel.



Lembro-me de ter ficado impressionado com o trafego de balsas para Caiobá, sempre tinha alguma deslocando-se no sentido oposto, transportando moradores, escolares, viajantes como nós e veículos de todos os tamanhos pela baia de águas calmas e escura. O preço da travessia pela Baía de Guaratuba, que leva pouco mais de dez minutos, custava R$ 2 para motos, R$ 3,90 para carros de passeio e R$ 3,90 por eixo de ônibus e caminhão. Pedestres e bicicletas não pagam.
Na foto abaixo, mostra a travessia, enquanto admirávamos a beleza do lugar.

Em Caiobá, também tivemos nossos dias de aventuras, onde realizamos trilhas no meio da mata, e passeios noturnos na beira da praia, deslumbrando as embarcações e a vida modestas dos pescadores locais.

  

No dia 10, depois da meia noite, já era meu aniversário e portanto, não deveria faltar um jantar especial com abraços e parabéns à você!
Resolvemos saborear um peixe assado que ganhamos do dono de uma peixaria local; ele era gaúcho e estava fechando seu estabelecimento no momento em que resolvemos comprar o peixe. Como ele não tinha troco e não queríamos ficar sem jantar, demos o endereço do hotel para que ele  passasse no outro dia para pagarmos. Ele nunca passou para cobrar e consideramos isto um presente oferecido por ele.


Dia 11, durante o dia, hora de seguir viagem. Após muita risada, e a sobra do peixe regado com vinho, decidimos ir até Pontal, pegar um barco e visitar a Ilha do Mel.
A ilha do Mel é um ponto turístico de muita importância no estado do Paraná, fazendo parte do município de Paranaguá e possui um restrito programa ambiental. Não é permitido a tração animal ou motor na ilha, assim como é proibido a presença de visitantes em algumas áreas. O turista dispõe de pousadas e pequenos restaurantes.
A ilha tem cinco vilarejos: Fortaleza, Nova Brasília ou Brasília, Farol, Praia Grande e Encantadas. Não há ruas ou estradas, só trilhas. A implantação de geradores de energia elétrica, em 1988, deu início a atitudes que hoje se transformaram em preocupação pela preservação da ilha e sua principal atração: a natureza.



AS PRINCIPAIS ATRAÇÕES QUE CONHECEMOS NA ILHA:

Farol das Conchas:
Construído com material escocês em 1870 por D.Pedro II para modernizar a navegação comercial brasileira. Localizado no alto do Morro das Conchas, pode ser avistado de qualquer ponto da ilha. 

Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres: 
Único monumento militar do século XVIII existente no Paraná, instalado nos contrafortes do Morro da Baleia, erguido com paredes de um metro e meio de espessura, a Fortaleza foi concluída em 23 de abril de 1769. No alto do Morro da Baleia, junto à Fortaleza, estão canhões e trincheiras de pedras. É o chamado “Labirinto dos Canhões”. Há também, um mirante, com uma incrível vista panorâmica. Chega-se até lá por trilha no morro.


Gruta Encantada:
Situada na parte sul da Ilha, é o patrimônio natural mais importante da Ilha do Mel. O morro da Gruta, formado por um tipo de rocha chamado migmatito é dividido por um veio de rocha negra, o diabásio. A Gruta se formou pela ação do mar sobre o diabásio, menos resistente que o migmatito. Para facilitar o acesso, foi construída uma passarela que leva até a sua entrada.


Istmo:
Localizado em Nova Brasília,  ou Passa-Passa (como é conhecido pelos moradores locais), é a parte mais estreita da Ilha do Mel e sofre um processo de erosão desde 1930, porém atualmente, a água já não atravessa mais de um lado ao outro, como aconteceu em 1995. A largura hoje chega à 30 metros e somente nas grandes ressacas do mar, a água chega a atravessar. 
A despedida da ilha foi  dia 12, no final da tarde, assistindo o Pôr do Sol e depois retornamos para casa, deixando saudades e com desejo de um dia poder retornar.

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