Auto-encenação

Há duas maneiras de nos relacionarmos conosco e com os outros: Acreditar no que realmente somos ou ver nossas faces como personagens de nós mesmos e é quando utilizamos alguns tipos de disfarces e tentamos convencer a nós e aos outros sobre aquilo que pensamos que somos e que criamos no nosso mundinho falso. Muitas vezes passamos até a acreditar nestas mentiras (e em cima disto, alicerçamos histórias, emoções, opiniões que não são as nossas, que são inventadas, forjadas por este personagem que criamos). Isto acontece por que de alguma forma ficamos inseguros, temerosos de que percebam alguma fragilidade em nossa vida, que nos tornemos fracos, incapazes na opinião dos outros. Mas vale a pena lembrar que nossa opinião sobre nós mesmos é tão ou mais importante, que a destas pessoas que tentamos nos esconder, nossa opinião tem um peso muito maior que julgamos saber no perimetro da consciencia, somos duros com nos mesmos. Foi assim que me percebi semana passada, quando levantei o telefone e me pus a conversar com algumas pessoas que eu não falava há meses e que eu já percebera ter perdido a minha confiança nelas ou que talves nunca tivesse tido. Fui sentindo que meus gestos e expressões se modificavam na medida em que ia falando sobre mim mesmo, justificando-me após cada opinião que formava a respeito de algo na minha vida, era subjetivo, parecia tentar provar onipotencia e assim afasta-los do que realmente sou e que talvés precisasse na urgência de minha insegurança esconder. Por alguns instante me parecia com uma outra pessoa, falando de outra pessoa, criando um falso discurso que nem eu mesmo acreditava. Por outro lado, elas alimentavam este meu discurso, fazendo perguntas em cima de perguntas, se mostrando curiosas de saber tudo sobre a minha vida embora não se importasse com isto, curiosos sobre a minha grande mentira.

Comentários

Postagens mais visitadas