O trote

Hoje é domingo e ainda tenho de trabalhar. O telefone começou a tocar 4h 30 min. da manhã por que alguém do outro lado da linha resolveu passar trotes ou algum golpe e eu fui o escolhido. Foram três absurdos e insistentes pedidos de socorro de alguém que se dizia minha filha, que simulava a voz de uma adolescente chorando e pedindo ajuda, que se dizia estar nas mãos de bandidos. Eu não tenho filhas e então resolvi desligar o aparelho da parede depois da terceira insistencia, imaginando que se não o fizesse viriam frases agressivas falando em sequestro, dinheiro, morte e outras barbaries. Resolvi afastar-me daquele clima, sai do quarto e fechei a porta. Aguardei meu horário de ir para o trabalho sentado na sala, já sem sono., irritado. Impossivel não deixar de se alterar com uma ligação destas, na madrugada interrompendo o sono, mas não quis pensar em quem estava do outro lado, se era simulação ou verdade, se alguém precisava realmente de ajuda, dar vazão ao desespero, preferi acreditar no possível golpe já conhecido e que tantas pessoas foram vitimadas, talvés pra mim fosse mais facil acreditar nisto. Chovia la fora e ouvia a chuva bater na calçada de concreto, nas caixas de proteção de ar-condicionado. Lembrei de meu filho que vi algumas horas antes e combinamos assistir um vídeo juntos nestes poucos dias de ferias escolar. A chuva parecia não desistir de cair, o telefone decididamente eu deixara mudo e trancado no quarto, abri a porta e saí para o trabalho fingindo despreocupação.

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