Apropriação da caneta esferográfica

Uma das coisas compensadoras de se entrar num banheiro cheirosos e bem decorado de um restaurante chique depois de se aliviar, é encontrar uma caneta esferográfica dourada sobre o balcão de granito do lavabo, bem no cantinho, quase escondida.
Você tem a sensação de que foi deixada ali de propósito para você e que não foi apenas uma questão de sorte tê-la achado, assim como um azar para quem a perdeu. Ela é um alvo forte de seu interesse, um alvo incontrolável
Você disfarça, seca as mãos, arruma os cabelos, e a toma para si e quando volta para a mesa entre amigos, tem aquele mal estar de ter cometido um delito, uma apropriação indevida e que todos na sua volta estarão sob uma suspeita velada por sua culpa e que de repente os músicos vão parar de tocar e falarão abertamente no microfone que se alguém encontrou uma caneta no banheiro, queira devolve-la. O medo maior é que eles saibam com quem está e isto seria o fim de sua noite, com a revelação pública de uma desonestidade sua.
Na hora de pagar a conta e ir embora, sobra a angustia de ser conduzido pelo FBI ou por uma equipe psiquiátrica numa camisa de força.

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