A tragédia de Novo Hamburgo

Essas histórias de crianças esquecidas por pais, presas dentro de carros, mortas por asfixia, me apavoram demais, dando-me a impressão de que sou eu o culpado pela fatalidade, me pondo na ante sala de um sentimento duro de responsabilidade e culpa pelo fato, que evidentemente não tenho, mas quem garante não pudesse ter diante de tantas correrias, rotinas, pressões que somos submetidos e de repente surge um branco capaz de mudar toda uma vida, um destino como se fosse uma punição...
Eu sei que acontece, embora jamais devesse acontecer, é o que repetimos pra nós mesmos e quem sabe ele mesmo (pai) também deve estar se dizendo milhares de vezes...
Tanto eu quanto uma infinidade de pessoas já devem ter se colocado no lugar deste pai, por que temos o hábito de fazer isto, experimentar sentimentos que não são nossos, de toma-los emprestado e fazer medições de culpas, de responsabilidades que evidentemente são incomparáveis ao que ele deve estar sentindo neste momento. 
De uns anos pra cá, tenho ficado muito esquecido e distraido. Esqueço de tomar minhas medicações, de listas de supermercados em casa, de pagar contas na data e até de ter deixado o carro no estacionamento e vir para casa de ônibus, como surpreendentemente me aconteceu um dia e que evidentemente não se compara a esta tragédia de esquecer o próprio filho trancafiado dentro do carro. Não quero condenar, não dá para fazer isto, cuja as razões do ocorrido circunvizinham as margens de uma doença do nosso século chamada de stress.  O que posso é somente lamentar e esperar que seja amenizada esta culpa e dor já ocorrida com outras pessoas.

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