Por traz dos ossos, da carne e da pele

Tomei o ônibus Ipiranga-Puc confortavelmente na parada em frente da minha casa, eu precisava cortar o cabelo e ir de carro até o centro da cidade é inviável e cansativo; A Van lotação também já fazia alguns minutos que havia passado. Pois bem, tomei o ônibus e o cobrador por traz da roleta, era uma mulher negra, cabelos in natura e feição que lembrava claramente aquelas mulheres africanas. Não era bonita, mas o que chamava a minha atenção era sua feição afro não brasileira, sua estatura magra e alta, a tez muito negra e brilhosa parecendo de silicone, os dentes alvos e perfeitos em contraste com a cor escura da pele, que a tornava uma mulher diferentemente unica. Eu já imaginava-a naquelas roupas tipicas e com um turbante colorido enrolado na cabeça, brincos e pinturas exóticas. Bom, mas nem tudo é perfeito, depois de alguns minutos, descobri seu defeito. Descobri logo que entrou o segundo e depois o terceiro passageiro, ela não era simpática e demonstrava agressividade nos gestos, no olhar, como se cada um que entrasse no coletivo fosse um inimigo em potencial. Ao meu ver, possuía uma dessas doenças da alma que a gente não consegue explicar a primeira vista, por estar camuflada por traz dos ossos, da carne, da pele e que por vezes explode e derrama sobre os outros, sem nenhuma justificativa.

Comentários

Postagens mais visitadas