COMUNICAÇÃO CARICATURADA.


Fiquei fingindo naturalidade, depois, fugindo o tempo todo pelos cantos do apartamento, com uma certa inibição de quem descobre-se deslocado por estar no lugar errado e na hora equivocada.
Em cada lugar que eu me acomodava, para aliviar aquela sensação desagradável, ela vinha e sentava-se do  meu lado, com o telefone celular entre os dedos, forçando presença.
Mantinha-se quase que em silencio, quebrado apenas por algumas frases soltas de atenção a mim, retomando o assunto interrompido. Em seguida voltava-se para o aparelho, que lhe fazia alterar a expressão do rosto significativamente.
Por outro lado, fiquei pensando!!..
Tem pessoas que acreditam ser possível administrar com naturalidade uma atenção coletiva, tratando de assuntos diferentes ao mesmo tempo, sem prejuízos de outros, mesmo desviando o foco e promovendo uma comunicação caricaturada e confusa.
A sensação que me dá, disto tudo, é que o corpo está presente, mas a alma, expressada no rosto, fica escondida por de atrás de mascaras de teatro grego, que vão sendo trocadas a cada momento necessário. Num minuto é a tragédia, noutro é a comédia, intercalados por qualquer coisa vaga.

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