VENUSTO.

Não, eu não sei falar bonito ou dar grandes opiniões. Não sei lidar com as palavras, assim como muitas mulheres daqui, que passam a maior parte da vida, na beira do riacho lavando, ou na frente do fogão cozinhando.
Só sei, é que perto da hora em que tu chegas do trabalho, cansado, preparo o que aprendi de minha avó, que também ensinou minha mãe, sem muitas palavras.
Corto as cebolas que tenho, esmago todas as cabeças de alho que perfumam a casa, quebro os galhos de alecrins, louros e outras ervas que colho do mundo e jogo no cozido,  alvoroçando toda a vizinhança.
Sirvo-te em silêncio, com arroz soltinho, na mesa arrumada sem assuntar, por que não tenho palavras bonitas e de grande importância pra dizer.

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